Rota 173

Localizado em um complexo demográfico rodeado de montanhas e ruas calçadas por paralelepípedos provenientes de suas próprias pedreiras. Tem ouro no nome, mas pode crê é ouro de tolo. Esse blog foi criado para que os integrantes do Clã Rota 173,no qual tem como objetivos frequentar eventos e festivais de rock'n roll; fazer viagens com foco em diversão; observar os transeuntes e incorporar bordões; postar seus textos, fotos,vídeos, e quaisquer outras "bestages" que estiverem a fim.

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quarta-feira, 23 de março de 2011

Quando o feio lhe parece bonito

  A concepção da beleza na teoria sensorial diz que o belo é tudo aquilo que causa satisfação aos sentidos. Os nossos sentidos tornam-se satisfeitos diante do belo, mas há muitas coisas que nos agradam e não são necessariamente belas. De acordo com Santo Tomás “ belas são as coisas que, vistas agradam” ( pulchra sunt quae visa placent), nessa afirmação, o verbo “ver” tem sentido amplo, no ato completo do intelecto.
        Às vezes vemos coisas que não julgamos belas porque desagrada aos nossos sentidos.
       Mas pode uma pessoa que não possui nenhuma característica do belo, amar alguém com infinita beleza? Já estas características que falo são físicas e voltando a teoria sensorial essas características podem não agradar aos olhos, mas podem ser relevantes aos outros sentidos.
      A nossa história é de um rapaz que era desprovido de beleza física e isso muitas vezes atrapalhava sua vida. Não se dava bem em entrevistas de emprego, era ridicularizado nas ruas, mas o jovem tinha um bom coração e muitos amigos que o ajudavam e não o deixava cair em depressão por causa da sua falta de beleza. Na cidade onde morava havia uma moça muito formosa que agradava todos os sentidos de quem a rodeasse. Não era somente os nossos olhos que se enchiam de encanto quando estávamos perto dela, mas todos os outros sentidos também se manifestavam numa empolgante percepção. Os nossos ouvidos queriam escutá-la, as nossas narinas queriam sentir seu cheiro, as nossas mãos queriam tocá-la e as nossas línguas doidas para sentir o sabor de sua boca. Mas ela era de uma índole tão profunda que nós nos contentávamos apenas de contemplá-la com os nossos pobres olhos mortais. Martha no entanto não percebia nossos olhares maliciosos, nem dava confiança quando alguém se aproximava com alguma cantada barata. Não percebíamos se ela era muito inocente ou se levava tudo na brincadeira. Éramos muito amigos e quando falei em inocência, justificava essa minha afirmação porque ela nunca me confidenciou nada sobre amores ou paixões. Via que ela não se interessava em ninguém do nosso quadro de amigos. Paulo, o nosso amigo desprovido de beleza era o que mais admirava Martha e acabou se apaixonando pela menina. Vivia inventando meios para se aproximar da pequena e declarar seu amor, mas quando olhava para o espelho desanimava por completo, pois sua cara cheia de espinhas e suas orelhas de abano era um obstáculo muito grande. Não tinha coragem de se declarar pois tinha certeza de que levaria um “não” na cara dura e o pior, perderia a amizade de Martha, que era seu consolo.
        Muitas vezes eu pensei em comentar com Martha sobre a paixão de Paulo, mas achava de não iria adiantar. Certa feita, em uma festa de confraternização, Paulo encheu a cara e resolveu que iria se declarar à amada. Estava certo que daquele dia não passaria. Pegou um copo pela borda de rum e jogou goela adentro, quase houve um retorno do líquido ali. Limpou a boca com as costas da mão e saiu trocando os passos confirmando a teoria de Gayol Fernandez que diz que o gracioso é o belo em movimento. Não havia nada de belo, nem de gracioso na cena. Martha estava conversando com uns amigos quando seu príncipe desencantado aparecia num tropeço desconsertante. Ela fez uma cara de surpresa, nunca tinha visto Paulo naquele estado. Correu para ajudá-lo quando o coitado tropeçou num obstáculo que estava à sua frente. Caiu nos braços de sua princesa de olhos claros e cílios largos. Olhou para o rosto delicado de Martha e disse: “Eu te a … ah aaah aaah e blearghhh despejou um líquido viscoso e amarelado no colo da menina. A garota ficou perplexa com o acontecido.
            Depois disso Paulo nunca mais se atreveu a falar sobre o assunto, nem com a gente e muito menos com Martha.
         Passado alguns meses Martha, que havia viajado para capital em visita aos parentes, veio com uma novidade. Ela arrumara um namorado naquela viagem e parecia muito empolgada com o romance.
          Um belo dia de outono quando o vento varria as folhas secas caídas das árvores da Avenida Central, Martha apareceu de mãos dadas com seu namorado. Andando toda satisfeita pela avenida não esperava encontrar Paulo, que ao vê-la de mãos dadas com aquele indivíduo ficou doido. Não pelo ciúmes, mas pela cena que presenciou. O suposto namorado era tão feio que contrariava totalmente a afirmação de Vinícius de Moraes que diz que beleza  é fundamental. Paulo se surpreendeu. Não aguentou ao vê-lo de mãos grudadas com a sua princesa. Chegou bem perto dos dois e disse:
             -Ora Martha,  se eu soubesse que você gostava de feio, eu teria chegado em você há muito tempo.

7 comentários:

  1. eu estava quase chorando aqui
    mas qdo vi o final mijei de ri

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  2. KKKK... quem ama o feio... bonito lhe parece! kkkk

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  3. hehehehe... O problema do paulo, resolveria encontrar-se com o velho, pra dizer onde estava a sorte dele...rsrsrrrrsrs

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  4. tb, foi beber rum, por que nao pediu a rapaz atraz do balcão, dauvim ae...rsrsrsrs

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  5. Uai!!! o Adriano já esta sabendo da minha história e o velho que deduzo ser um alquimista...rsrsrs...pior que nem meus pais que sabiam que eu tinha apenas $250 mangos acreditaram na história...

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  6. O Paulo Coelho que mandou o alquimista te encontrar. Pra provar a você que ele é um literato e ainda por cima um bruxo... KKK.

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  7. Um alquimista revolucionário ( mst), ou será Karl Marx um enviado do mundo espiritual...hehehehe

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